A linha de 2011...




2011...

Poderia o meu novelo-mundo deste ano ser colorido com tantos e tantos abraços, tantos e tantos sorrisos, numa longa estrada na mão do arco-íris.

Está no fim esta etapa e aproveitando o senso-comum, conterrâneo e contemporâneo, posso dizer: chegou o trabalho, chegou a casa, estão os Amigos.

O ISU. O grupo. A viagem Cassacá ( Guiné-Bissau ).

E nas entrelinhas, em forte e doce energia: o verde em Mafra, a luz do Terreiro do Paço, o poente na praia.

E os meus olhos a encherem-se de vida. E o meu peito sem saber, só sentindo.

Tudo se move e eu agradeço.

Faltam dias para o calendário mudar. E na esquina, a menina espreita.
O universo, a Companhia, a luz de estar viva e ser feliz!



Obrigada!

Palpitar...


@Ana


Tu não consegues ver mas eu estou a sorrir.
Ali, no silêncio de uma tarde morna, sorrio.

Eu e o céu conversamos, sem pressas ou ausências, pois há um tempo só nosso.
Conto-lhe das mudanças, dos passos que se movem, das mãos que se perdem.

Ele escuta em cores o meu canto e adormece-me as costas.
Confesso-lhe a doçura.
Confesso-lhe a minha casa e o trabalho.
Confesso-lhe que amo quem me acompanha no puro viver.

E se alguma gota do meu rosto se escapa ele segura e leva-a...
Deixa-a voar por aí, sem destino, na ilusão de um colo que chegue e a recolha.

Tudo palpita...

Encontros sublimes...


@Ana



Na velhinha calçada um homem esperava em contemplação.
Ao sol adorava o seu chão, que percorria sem pressa, deixando o guarda-chuva antever cada pedra, cada passo. Lá ia, quase sem reparar as outras gentes em chegada.

E a meio, o encontro.

Sorridente, adivinhou-se perante o nosso simples sorriso. Caminhou, falando da sua terra, das suas viagens, enfim das voltas da vida. E admirava o Outono, lá de cima, do miradouro de um outro ilustre.

O Sr. Sonho andou ao nosso lado, aconselhou e deixou-se estar. Nós indo, conhecemos.

O vale onde o Mondego ainda se distrai, entre hortas e vinhas, no canto solto das ovelhas e dos chapins.
Pelo percurso húmido onde raros cogumelos se erguem vaidosos e as castanhas se espalham juntamente com as bolotas. E no alto os moinhos abençoados por uma figura de mãos gigantes e coração vermelho.



Viagem, somente viagem.
Hoje e até...

Em Bissau...

Cassumba, região de Cacine, Sul da Guiné-Bissau      @Raquel



6/8/2011

Cheguei.
Quase ainda sem crer, sinto. Fraquejam as pernas ao torpor do peito.
Cheguei. Ao cair do avião no asfalto quente da Guiné meu corpo tornou-se maior.
Maior de mim, maior para mim, à chegada.
E ao sair da porta chorei. Choro ainda a serena alegria de voltar a um chão tão conhecido.
Choro acompanhada, sabendo ser a emoção uma experiência em plural.
Recebe-nos o calor e o contraste. Recebem-nos...

Ainda quase ilusão.
Ainda a boca firme no desenho puro de felicidade.



27/10/2011

Já aqui, em latitude habitual, renovo.

Partilho o outro lado de lá...

Regresso...



A seu tempo... Tudo volta.

Depois de se mover, de acontecer, de crescer...

Quando tem de ser.


To whom may concern...


Menina árvore, caminhante, regressa.

Nô bai...




@Rita Silva


Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,

...
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.

...
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une,

...
Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,
Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!


Álvaro de Campos - "Poemas"




E assim vamos... Cassacá chama-nos...


ISU_ Nô Djunta mon 2011 - projecto de voluntariado para a cooperação

Arraial...


@Susana



Se fosse poeta diria o quão belo somos todos juntos, saberia desmaiar as palavras em doçura e traduzir o que navega no peito.

Se fosse matemática escreveria numa simples equação o que o trabalho em equipa consegue e como a cumplicidade é proporcional à conversa sincera.


Mas apenas sonho e disso vivo. É o meu chão, a minha nuvem, o meu amanhã em companhia.
A semente da realidade já nascida e a crescer...



A todos... obrigado