Bissora - Olossato: 16km
Caminhar caminhar...
Bissora - Olossato: 16km
Farim...
No dia 24 deste mes comemorou-se o dia da independencia da Guine-Bissau. Nada melhor para comemorar do que ir dar um passeio! Rumo a nordeste em direcçao a Farim. para la chegar desvio ate Mansoa e Mansaba. Saimos de casa as 5h30, ainda o sol dormia. A nossa espera um camiao que nos levaria ate Mansoa, onde era dia de mercado. Coube-nos o lugar atras do condutor, naquela que é habitualmente a sua cama. Por volta das 6H30 seguimos viagem. Talvez a pior estrada que percorri até agora... Em areia e com buracos em todo o trajecto. Uma distancia de meia hora que se fez em 1H30. Viajar por estes lados é diferente...
Cume...
A culinaria guineense rege-se de acordo com ciclo de culturas vegetais e com a criaçao de animais: porco, vaca, cabra e galinha. A pesca também tem um papel relevante sendo a sardinha, a corvina e as cracas ( pequenos caranguejos ) o que se come mais. Ja passou o tempo do caju e do tomate, agora a cenoura e o repolho sao escassos e ha em abundancia mancarra (amendoim), milho e mandioca. A base alimentar de todo o povo é a bianda - arroz. Apesar de ser o cereal mais cultivado a maioria daquele que se come e se comercializa é importado da China e do Vietname. A qualquer altura do dia se pode comer arroz por aqui. Eu vou experimentando os sabores... Com jeitinho preparando um ou outro prato... Conhecendo os cheiros, as texturas, imaginando...
Nò bai...
Até S. Domingos tudo muito bem. Mais buraco menos buraco, mudança de carro em Ingoré, de uma carrinha de transportes pequena para um furgao de 25 pessoas, a estrada continua. Em S. Domingos a jornada complica-se. A estrada para Varela esta em mas condiçoes e durante a época das chuvas, a que estamos curiosamente, so existem 2 camioes que vao para la. E o segundo partiu quando colocamos o pezinho fora do furgao...
E agora? Djodji tem um amigo em S Domingos: Ibo Tchaman. Ele vem ter connosco, apresenta-se sorridente e tenta negociar com as gentes da terra um transporte até Varela. Seja carro, mota, bicicleta ou até burro. A vontade de ir até ao Atlantico aceitava... Nada feito. Retidos em S. Domingos valeu-nos a hospitalidade de Ibo. Conhecemos o seu quarto, a pequena vila e passeamos ate ao rio. No dia seguinte fariamos nova tentativa em seguir ate Varela.
Na paragem depois do pao matinal concluimos que era missao impossivel chegar ate Varela. Alternativa: Senegal! Apenas a 22km e estariamos em Zinguichor. E è cumà? Nò bai? No bai!
Passa fronteira, sai do carro, muda-se o idioma para o frances e ate a estrada é de asfalto. Começa assim o Senegal. Ziguinchor é uma das maiores cidades do sul do pais, tem universidades, um porto comercial importante e infraestruturas relativamente melhores que a vizinha Guiné. Mais uma vez a sorte soprou-nos. Salifo "convida-nos" para um passeio de canoa pelo rio Casamance. Negociado o preço embarcamos. Nao tivemos praia mas um passeio pelo rio era uma bela recompensa. A dada altura passamos por um delicado micro-ecossistema habitado por pelicanos e outros voadores. Uma alegre algazarra entre ramos pintados de branco. A agua chamava por nos e perante o sabio consentimento de Salifo mergulhamos. Muito, muito bom...
You, me and him...
Cada um pela sua mao e pela sua cor.
Suamos, rimos, planeamos e tentamos fazer melhor.
Num pequeno corredor ficou o nosso perfil.
A nossa singela marca.
Por esta partilha... obrigado.
Até...
Sabi...
Céu...
Lumo...
" Bin bin jubi nosso produto. I natural i sabi. Aki tudo tem, tudo sabi.
Crocs invadem a Guiné...
Se há algo que não existe neste "trabalho" até agora é monotonia. Há sempre coisas por fazer e novidades ao espreitar de um armazém, neste caso. Directamente da Holanda para Bissau e de Bissau para Bissorã aí estão eles: os Crocs! Esses modelos cómodos, coloridos e de plástico... A sua produção em larga escala na China e, certamente, um vantajoso acordo diplomático entre a empresa produtora e a ADPP permitiu que cerca de 3 mil pares destes sapatos fossem distribuídos por toda a região de Bissorã. Foram contemplados 4 grupos principais: Agrupamentos de Mulheres horticultoras, Famílias de diferentes tabancas (pequenas vilas situadas no meio dos campos), encarregados de educação e alunos que estudam nas escolas da ADPP. Claro que cada funcionário da escola e da ADPP ficou com o seu par. Tudo começou por gigantes sacas que se acumulavam há alguns meses nos armazéns da escola. Tiradas as sacas vá de contar e separar muitos e muitos sapatos, fazer listas de nomes um tanto ou quanto estranhos ( Segunda N'Gonda, Cumba Tchuda, Malam Sanha, Quinta Iála, Bintá Camara... só para exemplificar) e tentar organizar o melhor possivél a distribuição. A partir da escola os pares eram levados para as tabancas pelo Gastão ou então as próprias mulheres ou chefes de famílias vinham buscá-los. E lá iam as sacas novamente, em cima de bicicletas ou na mota.
Divertido e cansativo.
Muita cor e muita confusão.
Muitos sorrisos e satisfação de quem recebia algo novo.
Como se diz por aqui: "Manga di sapatos ki nos tissi gosi!" ( Muitos sapatos que nós temos agora)
Antes e depois...
Quando cheguei à escola da ADPP - Ajuda às Crinaças esta era uma das salas de aula, a da 4ª classe nomeadamente. Mais conhecida como "a barraca" tinha um telhado feito em palha, as paredes a cair e o seu interior era escuro e poeirento. Após um mês e algo de árduo trabalho eis que surge uma renovada e bonita sala de aula. Deitaram-se paredes e telhado abaixo, limpou-se o chão, ergueram-se de novo as paredes e o telhado é agora feito de placas de zinco. Entre todos, Bebé, Lamini, Fevra, Teresa, Margherita, Adolfo e eu, foi possivél transformar a velha palhota numa sala de aula de aula de verdade. Agora só falta terminar a pintura do quadro e rebocar um pouco a parede na parte de fora. Ainda me lembro de quando uma das paredes caiu, era o princípio da mudança! Adolfo, velho carpinteiro desdentado e sorridente, pendurava-se entre as tábuas de sibi do telhado para as arranjar. Os pedreiros Lamini e Fevra sentavam-se à espera do mata-bicho enquanto eu ia varrendo, varrendo e varrendo. Depois do santo pão lá começavam a trabalhar. Margherita e Teresa pintaram as paredes e colocaram os bancos. Está quase!